30.5.17

"Cemitério do Esplendor" - Apichatpong Weerasethakul (Tailândia/Reino Unido/França/Alemanha/Malásia/Coréia Do Sul/México/EUA/Noruega, 2015)

Sinopse: Numa pequena cidade da Tailândia, vinte e sete soldados são vítimas de uma estranha doença do sono. Para tratá-los, uma escola abandonada serve como abrigo. Uma mulher tailandesa de meia-idade (Jenjira Pongpas), casada com um soldado americano aposentado, trabalha como voluntária no tratamento dos pacientes. Ela cria um interesse especial por Itt (Banlop Lomnoi), que nunca recebe visitas.
Comentário: Segundo Pedro Roma do Plano Crítico, "apelidado como ‘Joe’para a audiência ocidental não ter problemas para falar seu nome, o tailandês Apichatpong Weerasethakul é reconhecido como um cineasta de sensações. Recorrentemente indagado sobre a propriedade desse tal cinema espiritual feito por ele, em suas obras ele utiliza suas tradições (…) de sua terra natal e homenageia fortemente suas raízes culturais. Vemos em suas obras temas geralmente simbólicos, fortemente pautados em fantasmas presos à terra, que não desencarnaram, ou relações familiares distantes pautadas por uma típica da crise referencial que as regiões ditas ‘ocidentalizadas’ carregaram e ainda sustentam até hoje. Será essa angústia: a terra ou o céu; a vida ou a morte; dietas (e valores) modernas ou ritos de antepassados, onde seus questionamentos se estruturam geralmente levados na dissolução do maniqueísmo que permeia o imaginário ocidental. Além do bem e do mal Joe nos coloca em uma realidade que está longe de não ter conflitos, mas onde Deus e natureza não se separam; mito e verdade tampouco, e o fim determina somente outro início. (...) Cheio de redenção, o conhecido cinema espiritual proveniente do realismo fantasmagórico asiático promove uma estética fora dos preceitos clássicos de narrativa, embarcam o mundo numa realidade sem verdade o que pode incomodar e passar a impressão de obra mal realizada, mas acreditem é algo bastante necessário. O que torna esse exemplo do movimento tão interessante é sua coragem de ser um tempo morto, que faz viver aquilo que não é visto, novamente, os fantasmas, que diferentes dos nossos, não assombram, mas aconselham. Isso é ‘Cemitério do Esplendor’, um longevo aconselhamento".