18.8.14

"Django Livre" - Quentin Tarantino (EUA, 2012)

Sinopse: Django (Jamie Foxx) é um escravo, comprado pelo caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz) para auxiliá-lo em uma missão. A dupla acaba fazendo amizade e, após resolver os problemas do caçador, parte em busca por Broomhilda (Kerry Washington), esposa de Django. Para isso, eles devem enfrentar o vilão Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), proprietário da escrava.
Comentário: Segundo Pablo Villaça do Cinema em Cena, "Repleto de elementos que despertam sentimento de familiaridade nos admiradores da obra do diretor, 'Django Livre' não só traz nomes recorrentes em sua filmografia em papéis maiores ou menores (Bell, Jackson, Waltz, Parks) como ainda abusa de recursos narrativos clássicos em seus filmes, como a quebra de linearidade, travellings que acompanham conversas ao redor de uma mesa, explosões súbitas de violência, intervenções narrativas abruptas (como o letreiro que revela parte da trajetória da dupla principal) e fartos diálogos que contornam o assunto principal da discussão até alcançá-lo de forma frequentemente inesperada. No entanto, aqui Tarantino também oferece algo de novo, revelando uma inédita preocupação social e política através da raiva patente com que retrata o preconceito racial e o feio passado de seu país neste aspecto – e se a 'culpa branca' é verbalmente manifestada pelo Dr. King ('Sinto-me culpado'), a própria história de racismo dos Estados Unidos é apontada quando Django, explicando sua tolerância maior a um ato de crueldade, diz: 'Estou um pouco mais habituado à América do que (o Dr. King)' – talvez a fala mais política já escrita pelo cineasta. (...) Tão fantasioso, ao seu próprio modo, quanto o Lincoln hagiográfico de Steven Spielberg, que traz o ex-presidente como o grande – quase único! – responsável por colocar um fim à escravidão nos Estados Unidos, 'Django Livre' se apresenta, entre os dois, como o mais respeitoso com relação à cultura, à luta e ao papel dos negros no processo de sua própria libertação, já que aqui, ao menos, eles são mais do que figuras completamente passivas à espera de um branco heroico que possa salvá-los da própria apatia. E, neste sentido, é magnífico que o único branco com algum sinal de consciência racial traga o nome daquele que se atreveu a dizer uma frase simples, mas tão poderosa: 'Eu tenho um sonho'."