10.10.17

"O Apartamento" - Asghar Farhadi (Irã/França, 2016)

Sinopse: Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem da peça teatral "A Morte de um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente pois, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho.
Comentário: “Pouco se sabe, no Ocidente, da transformação urbana pela qual o Irã vem passando nos últimos anos, expressa por uma nova ordenação arquitetônica de alguns bairros centrais. Tem muita obra acontecendo, num esforço de renovação. Mas isso, que é tido como um sinal de progresso, traz, a reboque, um certo sucateamento do passado, uma certa descartabilidade de espaços... e de valores”, disse Farhadi ao site Omelete em Cannes. “Fiz este filme para mostrar que, embora alguns prédios sejam tombados e outros sejam reerguidos, as tradições mais ancestrais ficam intactas, mesmo aquelas que nos cerceiam, ou que levam à intolerância”. Segundo Rodrigo Fonseca, "Encarado hoje como o mais pop dos cineastas do Irã, pelo fenômeno mundial de 'A Separação' (ao faturar US$ 19 milhões nas bilheterias internacionais), Farhadi faz de Emad uma metáfora viva para as contradições de seu país. No enredo, ele começa como um educador progressista que, pouco a pouco, vai afundando em tabus e em preconceitos. Em meio aos ensaios de 'A Morte de um Caixeiro Viajante', sua mulher é agredida por um homem que invade a casa para onde o casal acabou de se mudar. O local era a casa de uma garota de programa e o agressor era um cliente desta. Para defender sua honra, Emad investiga o caso, sedento de revanche, dando margem para que Farhadi estabeleça uma relação entre cinema, teatro, machismo e convicções culturais". Eu, que já estou virando fã de carteirinha do diretor, gostei muito do resultado. O filme saiu de Cannes com os prêmios de melhor roteiro e ator, dado a Shahad Hosseini e levou o Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. Vale ver.