5.12.15

"A Prova" - Jocelyn Moorhouse (Austrália, 1991)

Sinopse: Martin (Hugo Weaving) é um homem cego que acha que estão sempre lhe enganando. Na infância, ele pensava que sua mãe mentia quando descrevia as coisas e as paisagens. Adulto, apesar de cego, ele virou um fotógrafo, mas continua achando que ninguém é confiável. Ele tem um relacionamento de amor e ódio com Celia (Genevieve Picot), a mulher que cuida de sua casa. Quando ele conhece e se torna amigo de Andy (Russel Crowe), surge um complicado triângulo amoroso.
Comentário: Segundo Ronaldo Entler do site Studium 29, "'A Prova' é a história de um fotógrafo cego. Isso bastaria para despertar a curiosidade do público, mas seria algo apelativo e insuficiente se o filme não soubesse tirar consequências desse encontro improvável entre a câmera e alguém que não enxerga. Produção australiana de 1991 dirigida por Jocelyn Moorhouse, o filme faturou em sua estreia os prêmios mais importantes do Australian Film Institute e recebeu uma menção em Cannes. Chegou ao Brasil um ano depois através da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e foi escolhido pelos críticos como melhor filme da programação. O lançamento do filme contou com a colaboração involuntária de um artista cujo trabalho começava a aparecer para o mundo naquele momento, o fotógrafo esloveno Evgen Bavcar. Cego desde os 12 anos de idade por conta de dois acidentes sucessivos, Bavcar começou a fotografar aos 16 anos. Já em Paris, onde trabalha como professor e pesquisador da área de estética no CNRS (o reconhecido Centro Nacional de Pesquisas Científicas), obteve grande projeção quando lançou, também no início dos anos 90, um livro autobiográfico chamado 'Le Voyeur Absolu', e mostrou seu trabalho em diversas exposições pelo mundo. Também nessa condição inusitada de fotógrafo cego, Bavcar despertou estranhamento e comoção por onde passou. Na ocasião, muitos, incluindo críticos de cinema, entenderam Bavcar como sendo a inspiração para o filme. Jocelyn Moorhouse, convocada a falar muitas vezes sobre o assunto, afirmou sequer conhecer o trabalho do esloveno antes que a imprensa fizesse a ligação. (...) 'A Prova traz', no entanto, uma abordagem original: mantemos um razoável nível de empatia com Martin, o fotógrafo cego do filme, mas o modo como ele próprio lida com sua deficiência é pouco romântico ou heroico e, em princípio, sua sensibilidade se limita ao plano físico, isto é, à capacidade de sobreviver satisfatoriamente com o aguçamento dos quatro sentidos que lhe restam. Marcado por um trauma, Martin não pode enxergar algumas verdades que desfilam diante dele, e torna opaco todo sentimento das pessoas que o rodeiam."