7.12.14

"Família Rodante" - Pablo Trapero (Argentina, 2004)

Sinopse: No dia do aniversário de 84 anos de Emilia (Graciana Chironi) ela reúne em sua casa toda a família para um jantar de comemoração. É quando ela recebe um telefonema de Missões, sua cidade-natal a qual nunca mais retornou, com um convite para ser madrinha de casamento de uma sobrinha que nem conhece. Emocionada, Emilia repassa o convite a todos os integrantes de sua família. Eles decidem ir até Missões em uma casa rodante construída em cima de um velho Chevrolet Viking 56, no qual cabe os 12 integrantes da família. Durante a viagem as 4 gerações da família convivem com seus sonhos, frustrações, desejos e dúvidas.
Comentário: "'Família rodante' (2004) é melancolia do início ao fim. (...) O mestre da literatura paira como referência no ar, mas o road-movie de Trapero não tira sua força do texto [Julio Cortazar], mas do uso calculado e eficiente do som e da câmera. Os já citados close-ups e, especialmente, a cacofonia (ruídos se acumulam enquanto tentamos entender o que se fala em cena) aproximam o filme de outro exemplar do novo cinema argentino, 'Pântano', o excelente filme de estreia de Lucrecia Martel. São os dois melhores diretores argentinos em atividade. Trapero e Martel dividem entre si o apego por histórias de personagens. Exercitam, mais do que isso, um cinema naturalista ao extremo, de diálogos enxutos, situações improvisadas e atores não-profissionais. Como em 'A menina Santa', o elenco de 'Família Rodante' parece não estar encenando, mas vivendo de fato a vida dos personagens. A começar por Emilia, a quem Trapero reserva carinho até a tomada final, contemplativa e lamuriosa como no início do filme. A diferença entre os dois diretores é que Martel não tem comiseração pelos personagens. A eles, Trapero reserva a melancolia". (Marcelo Hessel - Omelete).