23.4.18

"Eu Não Sou Seu Negro" - Raoul Peck (EUA/Suiça/França/Bélgica, 2016)

Sinopse: O escritor James Baldwin escreveu uma carta para o seu agente sobre o seu mais recente projeto: terminar o livro "Remember This House", que relata a vida e a morte de alguns dos amigos do escritor, como Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Junior. Com sua morte, em 1987, o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que rodou este documentário.
Comentário: Segundo Juliana Avila Gritti do site ITCC - Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, "James Baldwin foi um escritor, dramaturgo e ativista negro. Em suas obras, abordou temas relacionados à construção da negritude nos EUA e o preconceito racial decorrente disso, além de homossexualidade e bissexualidade, e as diversas opressões sociais – escancaradas ou silenciosas. A sua escrita era visceral e dispensava qualquer tipo de maniqueísmo, e as personagens construídas por ele são realisticamente complexas. Entre o seu legado está o manuscrito inacabado 'Remember This House' ('Lembre-se dessa casa', em tradução livre), que pretendia traçar paralelos entre três figuras negras de grande notoriedade no século XX, também muito próximas a Baldwin, assassinadas na década de 1960: Martin Luther King Jr., Malcolm X e Medgar Evers. O livro, de apenas 30 páginas, foi entregue ao diretor haitiano Raoul Peck após a morte do autor em 1987. No documentário 'Eu não sou seu negro', lançado e indicado ao Oscar em 2017, o cineasta retoma as palavras de Baldwin, relacionando-as com os conflitos raciais atuais. Em 1979, quando começou a escrever 'Remember This House', James enviou uma carta ao seu agente, Jay Acton, explicando a ideia do livro. É a leitura dessa carta, na voz do ator Samuel L. Jackson, que amarra todo o documentário, construído com a combinação de imagens e gravações antigas, contemporâneas a Baldwin, de entrevistas, passeatas, notícias e documentos, com materiais audiovisuais recentes. (...) A conclusão a que o escritor chega, no fim do desabafo, é o racismo como resposta das pessoas brancas para a sua própria culpa, insatisfação e medo. 'A raiz do ódio do negro é a raiva. A do branco é o terror'. Para ele, a imaturidade foi abraçada como uma 'virtude americana'. Ele lembra que o povo negro foi imprescindível para o desenvolvimento e a prosperidade dos EUA, ainda que o direito de usufruir dessas conquistas lhe tenha sido, e ainda é, negado. 'A história do negro na América é a história da América'.