14.6.17

"Que Viva Eisenstein! - 10 Dias que Abalaram o México" - Peter Greenaway (México/França/Bélgica/Holanda/Finlândia, 2015)

Sinopse: Depois de estabelecer sua reputação na União Soviética, o cineasta Sergei Eisenstein (Elmer Bäck) se muda para Guanajuato, no México, para dirigir o novo projeto "Que Viva México!". Chegando ao país, encanta-se com a nova cultura e passa a levar uma vida de excessos e de descobertas. Assim, as filmagens sofrem muitos atrasos e os custos do projeto aumentam, gerando conflitos com os produtores. Sem familiares ou amigos por perto, o inseguro Eisenstein torna-se cada vez mais próximo de seu guia local, o mexicano Palomino Cañedo (Luis Alberti), com quem inicia um relacionamento amoroso.
Comentário: "A peregrinação criativa de Sergei M. Eisenstein pela Europa entre o final de 1928 e início de 1929; e pelos Estados Unidos e México entre 1930 e 1932 é até hoje motivo de especulação, algumas também criativas, como as que gerou este longa do cineasta britânico Peter Greenaway. (...) Tendo rodado mais de 30 horas de filme entre abril de 1931 e janeiro de 1932, Eisenstein tinha em mente realizar um épico sobre a cultura e o cotidiano mexicanos, especialmente a relação desse povo com a tragédia e a morte. O diretor, porém, jamais teria a oportunidade de editar o filme e o resultado final acabou nas mãos do assistente de direção Grigori Aleksandrov. Com algum material adicional, Aleksandrov editou o que foi filmado, décadas depois, obedecendo à risca as anotações deixadas por Eisenstein. O resultado foi 'Que Viva México!' (1979), que tem 90 minutos de duração. Valendo-se de dados históricos importantes e interessantes (como fotografias e reportagens de época, especialmente as que foram tiradas durante a passagem da equipe soviética por Hollywood) e algumas informações sobre a expedição, Peter Greenaway realiza uma obra que foca mais na vida pessoal de Eisenstein (muito bem interpretado pelo ator finlandês Elmer Bäck) do que em sua produção no país de Zapata. Em alguns momentos isso se torna a mesma coisa, é verdade, mas são apenas em alguns momentos. Durante a maior parte do tempo o roteiro explora os amores, desamores, reflexões, explosões de alegria, tristeza, ódio e ações malucas do diretor soviético, ações tão malucas e comportamento tão excêntrico que descaracteriza aquilo que historicamente se sabe, de fato, sobre Sergei Eisenstein, que era sim excêntrico, mas não ao nível que vemos aqui. Nesse aspecto, o que mais pesa são as incorreções históricas e biográficas, embora o espectador consiga perdoar isso porque parte da proposta narrativo-formal de Greenaway é manipular, através do exagero e de um barroquismo que, por incrível que pareça, fica excelente na tela."