16.8.10

"King Kong" - Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack (EUA, 1933)

Sinopse: Uma equipe de cinema liderada por Carl Denham (Robert Armstrong) viaja para a Ilha da Caveira e se depara com uma civilização primitiva que oferece mulheres a Kong, um deus-gorila gigante. Quando essa civilização captura Ann Darrow (Faye Wray), a estrela do filme, a equipe de marinheiros, agora liderada pelo valente e apaixonado imediato Jack Driscoll (Bruce Cabot), parte em resgate, enfrentando inúmeros perigos tais como dinossauros e insetos gigantes.
Comentário: A ideia do filme surgiu do produtor e cineasta Merian C. Cooper, que escreveu um rascunho de roteiro depois de ter sonhado com uma Nova York sendo arrasada por um gorila gigante. Com o rascunho nas mãos, Cooper chamou o escritor e amigo Edgar Wallace (que morreu em 1932, antes de concluir seu trabalho e participação na produção do filme) para ajudá-lo a desenvolver a ideia. Em seguida, Ruth Rose e James Ashmore Creelman montaram o roteiro completo. Cooper firmou contrato com o cineasta Ernest B. Shoedsack para co-dirigir o filme, inicialmente batizado "The Beast" (A Fera). "King Kong" receberia mais três nomes antes do batismo final: "The Ape" (O Macaco), "Kong" e "The King Ape" (O Rei Macaco). Os produtores fecharam com a RKO Radio Pictures, a única produtora realmente interessada pelo projeto já que, em pleno início dos anos 30, "King Kong" era um investimento incerto, seu orçamento era alto para viabilizar toda a técnica que o roteiro exigia. Mesmo concordando em bancar a produção, orçada em quase 700.000 dólares, os representantes da RKO Radio Pictures, totalmente desacreditados e à beira da falência, acabaram interferindo na produção e atrapalhando o andamento das filmagens. A produção e as filmagens de "King Kong" duraram aproximadamente 16 meses. A pressão sobre os produtores e diretores; a dificuldade de confeccionar os cenários; os ataques de estrelismo de Fay Wray e as exigências da RKO, transformaram o filme em uma grande dor de cabeça. Mesmo assim, Merian C. Cooper queria o máximo de perfeição em seu longa, e para isto utilizou-se dos mais inovadores efeitos especiais da época, como pinturas sobre painéis de vidro, animação em stop-motion, réplicas e maquetes de prédios e efeitos de projeções de imagens pré-gravadas sobre uma tela de fundo, recurso que seria muito usado em futuras produções de Hollywood. A maior preocupação do estúdio era o próprio Kong. Ele precisaria parecer real. Para isto, a equipe convocou o especialista em animação Willis O'Brien, que aproveitou seus modelos de animais criados para "Creation", uma produção que acabou não acontecendo. O'Brien criou vários modelos de King Kong, todos de massinha e com 40 centímetros de altura. A pressão que a RKO derramava sobre a equipe fez com que o filme não tivesse o cuidado que merecia e, com isso, os defeitos de animação e acabamento se tornaram muito visíveis. Além dos produtores, os representantes da RKO também sentiram-se inseguros e tentaram, de todas as maneiras, cancelar todo o trabalho que fora realizado até ali, por acharem que o público iria rejeitar o filme. "King Kong" estourou nas bilheterias e a RKO, aproveitando o grande sucesso, relançou-o quatro vezes, entre 1933 e 1951. Obra-prima do cinema.